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Influxo: Arte Concreta e Poesia Visual

A arte concreta influenciou diretamente o pensamento sobre a arte e a poesia visual no Brasil, graças ao artista Max Bill que, nos anos 50, trouxe para a América Latina as discussões da Escola Superior da Forma de Ulm, na Alemanha, sobre estudos da geometria e da clareza da forma.

De acordo com as concepções de Max Bill, “a estética científica iria substituir a milenar estética especulativa e idealista”.

A arte concreta surgiu durante as pesquisas de Piet Mondrian e Van Doesburg, através do grupo “De Stijl”, apresentado em 1917 – com desdobramentos em 1930, por meio do lançamento do grupo e da revista Arte Concreta. A intenção desse grupo era buscar a pureza e o rigor formal na ordem harmônica do universo, tentando abandonar qualquer aspecto nacional ou regional e se afasta inteiramente da representação da natureza. E, negando as correntes artísticas subjetivistas e líricas, recusa o sensualismo e a arte como expressão de sentimentos.

Van Doesburg, Axonometric (1923).

A década de 1950 foi marcada pela redefinição da nova ordem mundial pós-guerra, entre discursos políticos totalitários que tendiam à direita (EUA capitalista) ou à esquerda (URSS socialista). O Brasil criava as regras da democracia moderna promovendo um surto industrial impulsionado por grandes empréstimos de capital estrangeiro. A cultura continuava sob a influência dos países desenvolvidos. O arcaico modelo econômico baseado na agricultura passou a dar lugar à industrialização. A nova capital Brasília era construída no planalto central e na paisagem do país surgiam os grandes aglomerados urbanos e bolsões de miséria abandonados pelo poder público. Nesse cenário, a arte concreta serviu como medida de integração entre a produção industrial seriada, pressionada pela grande demanda, e a exploração do limite técnico do parque industrial.

Em um determinado momento, a arte concreta empregou os ideais da Bauhaus (1919-1933), principalmente a racionalidade e os princípios da “Gestalt”, que tiveram importante papel na conquista da arte pela indústria e na “democratização” do universo artístico. Segundo afirmou Max Bill, “a matemática é o meio mais eficiente para o conhecimento da realidade objetiva e uma obra plástica deve ser ordenada pela geometria e pela clareza da forma”.

A porta de entrada para a arte concreta no Brasil foi a primeira Bienal de São Paulo, realizada em 1951, que premiou Max Bill com o primeiro lugar a escultura “Unidade Tripartida”. Priscilla Martins (2009), pesquisadora do Grupo Place (Plano Conjunto de Espacialidades), ligado à Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e dedicado ao estudo da poesia visual, explica através do artigo “O Design na Poesia Concreta e a Poesia Concreta no Design Gráfico” que “após a primeira Bienal de São Paulo, em 1951, que premiou a escultura Unidade Tripartida de Max Bill, a arte concreta ganhou grande repercussão no circuito artístico brasileiro e foi amplamente discutida e difundida no eixo São Paulo/Rio de Janeiro pelos grupos Ruptura e Frente, liderados por Waldemar Cordeiro e Ferreira Gullar, respectivamente”. Segundo Priscila Martins, a institucionalização do design como profissão no Brasil acontece simultaneamente à difusão dos postulados da arte concreta.

Max Bill, Unidade Tripartida, (1948).

A reformulação dos preceitos artísticos e poéticos no Brasil contribuiu diretamente para o surgimento do Movimento Concretista, o primeiro movimento da poesia visual brasileira, e também para a cristalização do design (Desenho Industrial) como profissão. Sendo assim, o design e a poesia visual foram produzidos de maneira íntima e interligada.

Por exemplo, em 1951, foi criado o Instituto de Arte Contemporânea do MASP, pioneiro na oferta de disciplinas de design no Brasil, e, em 1963, surgiu a Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), no Rio de Janeiro. Priscila Martins afirma que, “em determinados momentos, a produção brasileira resultou do trabalho conjunto entre poeta e designer – como na conhecida parceria entre Décio Pignatari e Alexandre Wöllner, na produção de algumas peças gráficas publicitárias”.

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