Metaprendizado
A Grécia Antiga é considerada o berço da cultura, da civilização e da educação ocidental, embora o desenvolvimento grego tenha aspirado a matéria produzida pelas antigas civilizações, como por exemplo a suméria e a egípcia – onde apenas a transmissão dos costumes é reconhecida como fonte de aprendizagem. Do ponto de vista grego, situar o indivíduo no meio social e temporal por meio de uma pedagogia da personalidade era indispensável para garantir sua convivência no meio social e político, assim como para a civilização grega ser superior aos demais povos. Sendo assim, o sistema de ensino grego foi modelado pela filosofia, ciências, ginástica, música e artes, de modo que transformou a realidade experimentada pelo cidadão da cidade (polis).
Sócrates, Platão e Aristóteles, são os grandes expoentes gregos que, guiados pelos textos de Homero, legitimaram conclusões a respeito do aprendizado. Sócrates pensou a transmissão de conhecimentos através da palavra aliada à sabedoria e ao diálogo, entendendo que o conhecimento não é transmitido, mas sim relembrado. Platão formulou a Teoria das Ideias para explicar as duas espécies de realidade que o homem vivencia, uma inteligível e outra sensível. Por fim, Aristóteles cristalizou a doutrina do conceito manifestando uma grande síntese do pensamento universal, através da metafísica, da psicologia e da lógica. Porém, tratando da diversidade cultural e do conhecimento universal das civilizações anteriores ou contemporâneas à Grécia Antiga, podemos levantar uma questão pontual: o nascimento da cultura grega também representa o escurecimento da cultura neolítica? Será que a primeira forma de aprendizado moral se deu diretamente, sem pensamento lógico?
Apenas no século XVII o homem conseguiu sistematizar um modelo universal para o aprendizado baseado na demonstração cientifica de fenômenos naturais, já que a religião e seus dogmas influenciaram diretamente o fenômeno do aprendizado durante a Idade Média, até que a Reforma e a Revolução Francesa do século XVI romperam com as amarras do poder clerical.
A partir de 1920, diversas tentativas de definição das leis que regem o aprendizado foram defendidas a partir de teorias que surgiram da lingüística, da pedagogia e da psicologia. Concepções a respeito da linguagem preencheram a lacuna formada na Idade Média. Por exemplo, a Teoria Sócio-interacionista do psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky que atribui à linguagem a responsabilidade pelo aprendizado. A Teoria da Epistemologia Genética do epistemólogo suíço Jean Piaget que trata da linguagem socializada, orientada para adaptação progressiva dos indivíduos entre si. E as teorias de Análise de Discurso que entendem a linguagem como um discurso construído coletivamente, que considera o contexto histórico-social de produção de qualquer teoria.
É impossível falar em aprendizado sem que se fale em comunicação como forma de motivação intelectual indispensável, e linguagem como matéria prima dessa motivação, principalmente quando a linguagem assume um papel decisivo na inserção da tecnologia nas teorias que permeiam o fenômeno do aprendizado. Considerando o presente contexto histórico, acredito que a linguagem seja a mensageira dos princípios, dos limites e das leis universais. Por isso, o homem limita a linguagem à sua escala se colocando na condição de intérprete consciente desse processo que transforma objetos em signos, dizendo-se criador de linguagens.
A linguagem contém todos os elementos necessários para o desenvolvimento da atividade intelectual, comunicativa e interativa, em vista disso, a definição de um conjunto de signos e o modo como eles são utilizados dependem de um ser sensível que enxerga esses conjuntos, que também deve ser amplo para criar o conteúdo e a interação de acordo com a sua escolha.