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Poemasia

Garimpando textos e vídeos que abordam opiniões e estudos sobre poesia visual, encontramos o emprego dos termos “poema” e “poesia” sem que haja uma preocupação com a distinção deles. Considerar a poesia e o poema como termos análogos não cria um grande prejuízo teórico.

Todavia o atual contexto cultural e artístico recebe uma alta carga de avanço técnico, que por sua vez provoca re-significações em conceitos e teorias da comunicação. Assim surge essa oportunidade de testar o grau de entropia gerado pela questão.

Por exemplo, segundo o poeta Philadelpho Menezes, mestre e doutor em comunicação e semiótica, poesia visual é toda espécie de poesia ou texto que utilize elementos gráficos para se somar às palavras, em qualquer época da história e em qualquer lugar.

Portanto, tomando um novo caminho que possa distinguir os dois termos, podemos considerar que a poesia e o poema são elementos criados pelo homem em alguma fase da sua história. De acordo com esse fato, tanto o poema quanto a poesia são manifestações alcançadas pela complexidade da consciência, ligadas à capacidade de expressar, de comunicar e de corresponder ao semelhante.

Considerando que a criação mental é um ato que antecipa sua realização, percebemos que a poesia está relacionada à expressão da consciência e o poema é um produto da literatura, logo, poesia e poema situam-se em níveis diferentes de entendimento. Logo, poesia é um gesto humano ligado à capacidade de abstração que envolve a estrutura mental de projeção, enquanto o poema é o objeto projetado que pode comunicar informações através da materialização de uma mensagem.

Convocando as palavras do poeta Paulo Leminski para falar de poesia, podemos dizer que a poesia continua sendo uma necessidade orgânica que envolve o prazer de comunicar criando beleza com a linguagem. Paulo Leminski acreditava que a poesia nunca esteve ou estará a serviço de alguma coisa, já que ela faz parte daquelas coisas inúteis da vida, que tem uma razão de ser própria, que tem em si sua própria justificativa. A mistificação da poesia está nela mesma, não nos poetas, dizia o escritor e poeta curitibano.

Originalmente, o antessurgimento da poesia em relação ao poema tange o paradigma da teoria e da prática da poesia que termina em poema, uma vez que o desenvolvimento da prática é o que define a construção de uma teoria para essa “poesia encarnada”. Dessa maneira, concordando com o poeta Philadelpho Menezes, podemos dizer que a poesia do visual, a poesia do som e o objeto do poema são marcados mais pelo que eles deixam de ser do que pelo que eles realmente são.

Sobre essa questão, Philadelpho Menezes afirmou que a vida inteira perseguimos uma só poesia. Pensando o gesto poético separadamente do poema, essa afirmação ganha muito sentido quando passa a ilustrar a possibilidade universal de acesso à linguagem do imaginário. Perseguimos um acesso poético, um estado alpha, betha ou gamma que nos faz saltar para uma nova órbita de criação, porém, não pretendemos produzir uma só obra ou apenas um poema com a oportunidade desse acesso “inteligente”.

Sendo assim, a suposta existência de uma poesia da linguagem estaria relacionada com a propriedade comunicativa, com a beleza das formas de acesso ao conteúdo da mensagem por meio de abstrações culturais personalizadas de sentido. Já a linguagem da poesia estaria relacionada ao sentido de leitura, à utilização de intersignos e ao conjunto de relações sensíveis que o homem desenvolve com o meio que o perturba.

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