Humanização dos espaços esquecidos da cidade
A ocupação do espaço urbano acontece de forma mais variada que o entendimento humano possa uniformizar e conceituar quando pensamos de uma maneira mais global. A modernidade instaurada pela arquitetura de vidro e seus arranha-céus descritos nos textos do filósofo Walter Benjamim que elege Paris como capital do século XIX, parece não atingir a totalidade da cidade moderna.
Aos arredores da grande capital parisiense, mais precisamente em uma comunidade nos subúrbios do norte de Paris que se chama Saint-Denis, onde o coletivo Expurgação vivencia uma residência artística proporcionada pelo programa Espírito Mundo, pudemos nos lançar a esta reflexão. Pois estamos tendo a oportunidade de conhecer um pouco mais da cidade e em especial pelo fato de termos tido contato por aqui com um grupo de estudantes de arquitetura da Escola de Arquitetura de Toulouse que está atuando em um projeto que visa humanizar determinado espaço da cidade em que a megalomaníaca e polida arquitetura de vidro não encontrou lugar.
A proposta, segundo Matilde Combaluzier, uma das estudandes francesas envolvidas neste projeto, visa ocupar mais humanamente um espaço que aparece para nós como inutilizável, feio, inóspito, onde a arquitetura de vidro não lança o seu braço, transformando alguns lugares em desabitáveis, avessos ao bem estar comum.
Seria como voltar o olhar, para aqueles espaços da cidade entre os grandes projetos arquitetônicos. Entre um arranha-céu e outro, um lugar esquecido entre a cidade, cinza e desarborizado, desabitado e incômodo aos olhos inclinados para o brilho do vidro reluzente.
Nesta atuação protagonizada por estudantes de arquitetura de Toulouse que colocaram em prática suas visões a respeito da ocupação urbana, percebemos uma inclinação para um outro modo de ocupação onde não há preocupação em utilizar o vidro como elemento material elementar, típico da arquitetura moderna.
A utilização da madeira como elemento primordial aos arredores de uma capital como Paris, marcada pela arquitetura de vidro, como resalta em pormenores o post anterior “Visita à comunidade cigana” por Arthur Navarro, nos demonstra como é possível ocupar os espaços esquecidos da cidade para promover uma melhor humanização entre os agentes envolvidos.