6ª Expedição Rebio 2Bocas 1/2
A sexta expedição percorreu as 9 regiões que fazem fronteira com a Reserva Biológica Duas Bocas (Rebio 2Bocas): Duas Bocas, Sertão Velho, Patioba, Boquerão do Santilho, Pau-Amarelo, São Paulo de Viana, Alegre, Trincheiras e Sertão Velho.
Do dia 30 de julho até o dia 10 de agosto a última expedição do Projeto “Últimos Refúgios: Duas Bocas” montou duas bases para controlar a missão, uma na sede da reserva e outra no alojamento localizado no Alto Alegre. No início a chuva atrapalhou nosso trabalho, impedindo que trafegássemos nas estradas e trilhas cheias de lama e buracos.
Redefinimos e reativamos alguns pontos de ceva, além disso abrimos trilhas no Rio Panelas afofando o solo para rastrear pegadas de animais, principalmente da onça parda e da jaguatirica. Esses animais preferem trafegar por trilhas limpas, a fim de não fazerem barulho quando caçam e também para se locomoverem mais rápido.
Terça-feira (31/07) verificamos as câmeras Trap instaladas na floresta. Cães estavam visitando os pontos de ceva com fígado de galinha, bacon e sardinha. Também muitos gambás. Por sorte, conseguimos avistar a capivara na margem da represa. Nos posicionamos de forma que conseguimos registrá-la entrando e saindo da água. Show! No fim da tarde chegou uma equipe de biólogos da UFES que monitoram fauna. Trocamos algumas informações…
Quarta-feira (01/08) o tempo continuava chuvoso. Por isso nossa equipe permaneceu na sede em 2Bocas procurando por anfíbios, pequenos répteis e insetos nas trilhas próximas à reserva.
À noite aguardávamos a chegada da equipe da bióloga Cláudia Pimenta que iria se instalar no Alto Alegre, mas, devido ao mau tempo essa equipe só chegou na quinta-feira (02/08).
Sendo assim, grande parte da equipe foi remanejada para o Alegre na manhã de quinta-feira para preparar os pontos de ceva com as câmeras Trap e fazer armadilhas de rastreamento, como havíamos feito na trilha do Rio Panelas. Essa tarefa durou por toda tarde. Em um lago próximo ao alojamento achamos um cágado nativo da Mata Atlântica nadando no lago.
Na sexta-feira (03/08) percorremos a região do Alegre fotografando muitos pássaros: saíras, tangarás, sabiás, sanhaços, trinca-ferro, tempera viola, gaturamas, entre outros que não conhecíamos. No caminho, topamos com uma corredeira de formigas que chegaram a formar um bloco coeso com milhares de soldados. Os pássaros aproveitavam a fuga dos insetos para se banquetearem.
À tarde uma equipe contornou toda reserva de carro pela estrada de Alegre e São Paulo de Cima até a estrada da Patioba e Boqueirão. No trajeto visitamos o local onde a onça parda havia atacado um carneiro na quinta expedição e instalamos uma câmera. Já na parte da noite, preparamos a PFN2, um equipamento que fotografa animais automaticamente através de sensores de movimento, desenvolvido pela própria equipe do projeto. Ao anoitecer uma coruja pousou numa árvore próxima ao alojamento facilitando nosso registro.
Sábado (04/08) instalamos armadilhas de captura no interior da floresta, além disso, checamos os pontos de ceva reabastecendo-os. Notamos que na armadilha de rastreamento haviam pegadas da mão-pelada e da paca. Na câmera Trap capturamos imagens da irara, do gavião e do macaco-prego.
À tarde voltamos ao local do ataque da onça (Pau-amarelo) e constatamos que havia um registro da passagem dela em trilhas próximas. Ficamos na expectativa da PFN2 fazer um registro dela. Enquanto isso uma equipe saiu à procura de mais pássaros nativos.
No domingo (05/08) o tempo mudou, uma forte ventania e nuvens carregadas complicaram um pouco mais a expedição. Mesmo assim, fomos com o barco para trilha do Rio Panelas (Duas Bocas) verificar a presença da jaguatirica e do ouriço-cacheiro, um animal aparentemente fácil de se encontrar mas que ainda não tinha sido capturado.
No Alegre, uma pegada deixada na armalhilha de rastro intrigou a equipe, pois as características eram de uma pegada de anta. Mas isso não pode ser confirmado, até porque não há registro de anta na Rebio 2Bocas. As armadilhas capturaram espécies de cuíca, roedores nativos da Mata Atlântica.