Salivamentação
Minha linda sensação, estou morrendo de fome. Há meses não como e nem tenho apetite de burguês. Não preciso de mesa, talher ou piquenique regado a mato.
Quero mais do que usar os olhos. Quero me fartar daquilo que não tem gosto, mas é mister no sabor. O aroma da inspiração, dos sussurros lançados pelas respirações ofegantes, curtas. Aquele nó de vento que engasga os nobres e os ignorantes. O alimento que entra pela pele, pelos ouvidos, pelos olhos de quem sente fome. A sorte não permite a minha desnutrição; banquetes de toques e petiscos flertados pela bela moça. Por gosto daquilo que o tempo me reservou fartei-me das confirmações do meu legado, do meu amor. Agora sinto falta, fome. Fica explícita a minha reclamação ao garçom deste lugar. Vou apelar para o gerente!