Música e Mídias baseadas em geolocalização
O surgimento de novas ferramentas de comunicação, atreladas diretamente a apropriação de tecnologias, vem sendo o grande responsável pelas mudanças de concepções e estéticas dentro do mundo da comunicação e da cultura.
Cada vez mais entramos na era da mobilidade e da conexão permanente, a partir dos diversos lugares nos quais há o deslocamento de pessoas e produção de sentido, transmitindo informações que podem ser veiculadas a partir destes próprios locais. Como é o caso das redes Wi-Fi, capazes de fazer a interconexão de informações dentro de uma determinada área compreendida em seu raio de alcance.
A partir da apropriação de dispositivos móveis (smartphones e tablets) artistas e pesquisadores começaram a visualizar formas de produzir conteúdo e informação, baseados na interação interpessoal e espacial, através de redes (comunicacionais) sem fio, dentro do espaço urbano. O lugar passa a se configurar não só pelas suas características físicas, culturais, sociais, mas também por bancos de dados que emitem informações, captadas por tais dispositivos eletrônicos, específicos.
Dentro deste cenário, surge o conceito de mídia locativa como uma categoria de análise tecnológica e cultural de processamentos e serviços baseados em localização. A comunicação pode ser entendida, neste caso, como produção de informações alicerçadas em interações, tanto no espaço urbano (lugares), quanto no espaço eletrônico (internet). É a partir destas idéias que surgem apropriações tecnológicas que interligam a emissão de informação localizada, proporcionada pelas mídias locativas, com o a produção e compartilhamento de experiências sonoras dentro dos lugares.
Um exemplo destas apropriações é o conceito desenvolvido pelo grupo Bluebrain: a banda, composta pelos irmãos Hays e Ryan Holladay, teve idéia de lançar seu mais recente álbum através de um aplicativo (gratuito) para iPhone, iPad e dispostivos com sistema operacional Android, que só funciona se o usuário estiver dentro da extensão do famoso parque The National Mall, localizado no centro da cidade de Washington, EUA.
O ponto mais curioso é que ao andar por diversos lugares dentro deste parque a música vai se transformando e os próprios lugares vão mandando informações para o aplicativo. Usuário e aplicativo vão assim conduzindo o andamento da música de distintas formas.
Como descreve Ryan Holladay, para o Mashable: “A música vai mudando constantemente com o andar no parque. Subindo a colina em direção ao Monumento de Washington, você vai ouvir apenas um violoncelo, logo após, gradualmente, violinos, um coro, palmas, fogos e batidas de bateira vão surgindo no remix à medida que a pessoa for se aproximando do Obelisco.”