APLs apontam os desafios para 2016
A participação dos APLs culturais no I Encontro de Territórios Criativos e na VII Conferência Brasileira de APLs, em Brasília, foi decisiva para a criação de diretrizes coletivas que fortalecem a economia criativa em todo Brasil.
Abaixo, você pode conferir na íntegra o documento que foi entregue durante a conferência com o intuito de buscar formas de atuação integrada entre empreendimentos, iniciativas, e o setor público. Se possível, deixe sua contribuição, ela será valorosa para criarmos o alinhamento e a divulgação das estratégias necessárias para o desenvolvimento da dimensão cultural em nosso território.
Brasília, 10 de dezembro de 2015.
AO/
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDUSTRIA E COMERCIO EXTERIOR (MDIC)
MINISTÉRIO DA CULTURA (MinC)
SECRETARIA DE POLÍTICAS CULTURAIS (SPC)
GTP APL
Somos representantes dos APLS em Economia Criativa do Brasil, reunidos no I Encontro de Territórios Criativos realizado na VII Conferência Brasileira de APLs em Brasília, entre os dias 08 e 10 de dezembro de 2015, discutimos nossa participação no evento.
Nós, aqui representados, demonstramos nosso descontentamento com a participação dos ALPS de Cultura/Economia Criativa, uma vez que não nos sentimos representados e tão pouco cumpridos os objetivos propostos pelo MinC para o préevento e para a Conferência.
Dentre os objetivos propostos, estavam: qualificar a atuação estratégica das iniciativas culturais nas oportunidades apresentadas na Conferência, promover a troca de experiências, compartilhar o acompanhamento dos processos de desenvolvimento dos APLs intensivos em cultura, repactuar a ação do MinC junto aos APLs e gerar a aproximação técnica, porém nada disso ocorreu. Em razão disso, nos reunimos para formulação desse documento que segue abaixo:
1) Segundo a pesquisa realizada pela UFRGS, o plano de desenvolvimento conseguiu impulsionar a estruturação de cerca da metade dos APLs selecionados, mas para a outra metade houve dificuldades para realizar as ações propostas no plano, por falta de apoio dos gestores dos núcleos de apoio estaduais aos APLs, escassez de recursos, e devido à aplicação inapropriada do plano de desenvolvimento pelos consultores do Fundação Vanzolini. Mais precisamente, na maioria dos estados há falta de interação entre o gestor do núcleo e as secretarias dos estados e dos municípios, fato que dificulta o apoio logístico de algumas ações.
● Os gestores dos núcleos de apoio aos APLs necessitam de capacitação em Economia Criativa, também de acordo com a especificidade de cada APL em seus setores.
● Formar gestores e profissionais para os setores criativos com vistas a qualificar os empreendimentos, bens e serviços.
● Atualizar os planos de desenvolvimento para 2016.
● Fomentar a sustentabilidade de empreendimentos criativos para fortalecer sua competitividade e a geração de emprego e renda.
2) A pesquisa da Universidade do Rio Grande do Sul apontou uma classificação de APLs chamados de “mistos” cujas atividades diversas impedem uma classificação pontual.
● Não pautar a atuação do Minc na classificação setorial criada pelo próprio ministério através do plano de desenvolvimento. Considerar que alguns APLs são realmente mistos.
3) Com a dissolução da Secretaria de Economia Criativa, a incumbência passou para a Secretaria de Políticas Culturais, que de certa forma repassou para os estados a tarefa de desenvolver os APLs focados em cultura. Nesse sentido, a estratégia da SPC é fortalecer os núcleos estaduais de apoio aos APLs.
● Como isso será feito?
● Aproximar os APLs tradicionais dos APLs com foco em cultura para que sejam gerados negócios e mais investimento em pesquisa, inovação e desenvolvimento de produtos e serviços. Também é preciso aproximar os APLs dos sindicatos e do terceiro setor.
● O perfil de empreendimento e modelo de organização produtivo aqui representado, reflete a necessidade da discussão sobre diversidade do ponto de vista das ferramentas soluções e tecnologias de gestão. Aqui estamos falando por exemplo do estimulo a bancos comunitários, micro projetos e financiamentos que nos permitam expressar nossa singularidade, que ao nosso ver é o principal elemento de agregação de valor em nossa cadeia produtiva!
4) Outra estratégia é criar acessos aos bancos de desenvolvimento locais e nacionais, e agências de desenvolvimento, e até bancos privados, para os empreendedores criativos.
● Em relação ao microcrédito, e linhas de crédito diferenciadas para a Economia Criativa (juros e carência) como o Minc pode influenciar os bancos?
● A sugestão é criar um cronograma de aproximação (rodada de negócios, linhas de financiamento, formalização de documentos)? Como o Minc e o Núcleo de Apoio aos APLs podem atuar juntos nesse sentido?
● Fortalecimento dos planos de negócio das empresas criativas.
5) É de fundamental importância a parceria do MINC com o MDIC, uma vez que esse ministério tem mais aporte financeiro. Também é necessário sensibilizar os demais ministérios que podem contribuir para o desenvolvimento dos APLs de economia criativa, afirmando que a cultura é uma dimensão pouco explorada comercialmente com oportunidades de investimento e geração de emprego e renda, principalmente através das nano, micro e pequenas empresas que formam os APLs. Parece haver dificuldade no alinhamento do discurso sobre economia criativa.
● É importante que o MINC conheça as demandas dos APLs e faça encaminhamentos aos Ministérios e órgãos competentes, criando integração entre os mesmos para ampliar o acesso à recursos e apoios.
● Criar e adequar marcos legais para o fortalecimento dos setores criativos.
6) Como imaginar APLs em cidades que não consideram a busca pelas características de uma Smart City?
● É preciso haver uma proposta do Minc para transmitir informações e implantar ações em parceria com outros ministérios para integrar tecnologia e cultura. Assim, os APLs terão mais facilidade para desenvolver ações em nível municipal de modo que esses conceitos de cidades inteligentes sejam pensados e implementadas ações em torno dessa inovação.
7) A medição dos resultados alcançados pelos APLs ainda é pautada no retorno financeiro do capital investido, fato que atribui excessiva importância ao desenvolvimento econômico em relação às demais dimensões da sustentabilidade.
● É necessário formular pelo menos 30 indicadores que consigam medir o desenvolvimento dos APLs.
● Oferecer uma nova consultoria especializada em economia criativa (Lala Deheinzelin) pautada nesses novos indicadores. Por exemplo, PIB x FIB.
● Valorização do perfil identitário de cada APL.
8) É necessário que o MINC, MDIC e demais ministérios, Sebrae, Sistemas, Federações, Secretarias Estaduais e Municipais trabalhem em sinergia junto com os empreendedores criativos. Até o momento notamos uma atuação fragmentada desses atores que buscam o desenvolvimento da Economia Criativa. Assim há desgaste dos APLs que sofrem com a entropia gerada pelo desalinhamento de discursos e ações. É identificado também desalinhamento dentro dessas instituições.
● Promover encontros entre instituições e atores envolvidos com economia criativa para desenvolver planos integrados.
● Promover reuniões regionalizadas. Estes contatos podem proporcionar novos desafios e formas de solucionar problemas em comum. Para isso existe a necessidade de se criar ambientes favoráveis a estes encontros.
9) Fortalecer a questão do CPF da cultura: Conselho, Plano e Fundo de Cultura. Criar fundos de cultura em nível municipal, a exemplo de Goiana, Pernambuco.
● O MINC pode orientar nesse sentido como efetivar esse diálogo em sinergia com os Plano Nacionais, estaduais e municipais de cultura.
10) Os APLs com foco em cultura disputam mercado com as mega indústrias culturais, assim, é papel do Minc equilibrar essa disputa protegendo o “capital simbólico” do pensar, saber, fazer, consumir e descartar criativo. Até porque cada APL carrega consigo características simbólicas únicas, que não podem ser capturadas ou reproduzidas pelos modos de produção da indústria tradicional.
● Criar um encontro setorial fora de Brasília dos APLs de Economia Criativa, que possa fortalecer os APLs nos estados, e de outra forma, integre os APLs em torno desse tema.
● Criar laços mais fortes entre o GTPAPL e os APLs de economia criativa, seja através da comunicação intensiva e tecnologias de rede, a exemplo de aplicativos.
11) Levantar, sistematizar e monitorar as informações e dados sobre a Economia Criativa para a formulação de políticas públicas.
● Criar um sistema que compartilhe com os empreendedores criativos informações e dados específicos sobre os setores da Economia Criativa que são de interesse do governo. Geralmente esses dados estão diluídos dentro de uma visão industrial tradicional, e de zoneamento geográfico que não considera uma estrutura em rede distribuída. Para tanto, devemos aproximar órgãos competentes responsáveis pela organização dos dados oficiais do Governo dos empreendedores criativos e seus respectivos sindicatos.
● Diversos projetos voltados para a economia criativa não passam da fase de planejamento e mapeamento, algumas vezes devido ao despreparo dos gestores culturais que em geral não tem conhecimento específico na área cultural/criativa, ou são substituídos por outros gestores sem experiência, de modo que isso causa retrocessos. Geralmente em retomadas de projeto o novo responsável/gestor inicia o planejamento novamente sem considerar o que já foi trabalhado. Os profissionais criativos ficam desacreditados ao ver a mesma situação acontecendo novamente. Muitas promessas, novas reuniões, novos prazos, novas metas, até que se passa algum tempo e o projeto simplesmente é abandonado ou cancelado. Assim, os empreendedores criativos perdem tempo participando de convocatórias que apenas servem para endossar listas de presença que justificam algum tipo de iniciativa por parte do poder público ou de órgãos de desenvolvimento (processo de desinstitucionalização).
● Facilitar o acesso à informação sobre as Incubadoras Brasil Criativo, LabicsBR, e Parques Tecnológicos.
12) Melhorar as ferramentas de participação dos APLs na construção das próximas programações a Conferência Brasileira.
● Promover encontro pré Conferência para intensificar a parceria entre os APLs de Economia Criativa e demais APLs.
● Sugestão que esses encontros sejam itinerantes nos estados brasileiros, que para além do encontro permite a realizações de missões técnicas com oportunidade de conhecer os Arranjos em atuação.