A GRANDE PIRÂMIDE DO EGITO – PARTE 1/3
Marcando as Eras com seu colosso e assombrando a imaginação de quem a enxerga ou ouve a seu respeito – essa é a sentinela da planície de Gizé, guardada pela Esfinge próxima ao Nilo.
Ao contrário de outras pirâmides e templos nos quais hieróglifos dizem o seu propósito, a Grande Pirâmide – ou pirâmide de Queóps (ou Khufu) como é oficialmente chamada, não possui registro algum. Não há nada escrito ou sinalizado, e existem poucas pistas sobre o surgimento, de modo que sua existência permanece imersa em mistério.
Supostamente construída há 4.500 anos, a engenharia do nosso tempo ainda não é capaz de replicá-la e nem de erigir estruturas de magnitude semelhante. O que se pode afirmar é que Queóps foi construída com blocos de pedra que variam entre duas e vinte toneladas, e nossa tecnologia digna de filmes de ficção-científica não explica sua gênese e propósito.
Na primeira parte dessa pesquisa será demonstrado o sentido etimológico, a geometria externa e a presença do número pi (π) nos cálculos da construção, além de disponibilizar o estudo “As Explicações Geodésicas da Grande Pirâmide, reveladas por Charles Piazzi Smyth”, do Departamento de Geodésia da UFRGS. Na segunda parte será lançada uma luz sobre a teoria de construção do arquiteto Jean-Pierre Houdin. Posteriormente, na terceira parte dessa pesquisa, será a vez da teoria sobre a funcionalidade da pirâmide desenvolvida pelo engenheiro Christopher Dunn que fala do seu design interior.
A PALAVRA
Se observarmos a etimologia da palavra pirâmide, lançaremos uma fagulha sobre a existência do próprio monumento – a palavra como conhecemos é derivada do grego pyramids, que significa ‘fogo no meio’. Entretanto “os gregos podem ter formado esse vocábulo a partir da antiga palavra hebreu-caldaica urrim middem que significa ‘luzes medidas’”, afirma Tom Valentine em seu livro ‘A Grande Pirâmide’, de 1975.
Os egípcios, por sua vez, se dirigiam a pirâmide como khufu, que significa “luz gloriosa”. Se atravessarmos o atlântico até a terra outrora ocupada pelos maias, também nos depararemos com monumentos piramidais, os quais eram chamados de piruamanco. A semelhança com a construção egípcia não se dá apenas na estrutura física, ou pela fonética da palavra mesoamericana, mas também no significado: ‘revelador da luz’.
Lemos e entendemos a partir dessa análise que a cultura do Egito e a cultura maia co-existiram, e ambas cinzelaram medidas e proporções que revelam mensagens científicas para que algum dia possa iluminar o espírito do homem.
A GEOMETRIA EXTERNA
Há unanimidade no meio científico; a melhor maneira de uma inteligência se comunicar por meio da linguagem sem significado é através da transmissão de conhecimento e das relações matemáticas. E essa premissa foi muito bem desempenhada pelos antigos construtores, pois a pirâmide exala conhecimentos de geometria, geodésia e astronomia.
Os investigadores que buscam decifrar tais construções devem dominar esses campos dos saberes. E assim acontece. A civilização avança e apreende conhecimentos complexos que permitem compreender as mensagens científicas imbuídas na Grande Pirâmide.
Representações através de medidas tornaram a Grande Pirâmide uma construção transcendente, e o homem contemporâneo captou sua essência, ao menos parte da matemática. “Se não soubéssemos da existência de uma razão constante entre o diâmetro e o comprimento da circunferência, o número pi, como poderíamos ver que as medidas externas da Grande Pirâmide são uma demonstração monumental dessa relação?”, questiona o autor Tom Valentine.
Uma vez realizada a equação matemática de dividir o perímetro da pirâmide por duas vezes a sua altura, o resultado obtido será o número pi (π = 3,1415926535…) até seu décimo quinto dígito – feito só obtido após o século VI d.C, pois até então haviam calculado apenas até o quinto dígito.
Sobretudo, esse astuto conhecimento é identificado apenas na Grande Pirâmide. Nas demais pirâmides do Egito estão ausentes esses elementos de intelectualidade, o que levanta a hipótese de que um outro povo concebera a Grande Pirâmide. “É em vão que procuramos quaisquer vestígios de que eles (egípcios) tenham conhecido o pi, e muito menos de que foram capazes de construir um símbolo tão original como aquele. É evidente que jamais compreenderam o sistema numérico expresso pela pirâmide, ou tiveram qualquer idéia da distância do sol, ou da forma da terra’, afirma Dr. Joseph A. Seiss em uma passagem no “livro de Valentine”.
A geodésia metrificada na pirâmide e outras relações astronômicas com sua estrutura foi largamente estudada pelo astrônomo escocês Charles Piazzi Smyth. O Museu de Topografia, junto ao Prof. Laureano Ibrahim Chaffe, do Departamento de Geodésia (IG/UFRGS), realizaram um estudo sobre as pesquisas do engenheiro geógrafo espanhol Mario Ruiz Morales, intitulado “As Explicações Geodésicas da Grande Pirâmide, reveladas por Charles Piazzi Smyth (1819-1900)”, o qual pode ser encontrado na íntegra aqui.
Links relacionados:
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