Expurgação envia sugestões para o Plano ES Criativo

Expurgação envia sugestões para o Plano ES Criativo

O Expurgação foi convidado para dar sugestões e responder ao questionário do Planejamento Estratégico ES Criativo, do Governo do Estado, que busca alternativas de atuação para o desenvolvimento da economia criativa capixaba até 2019.

Segundo foi colocado pela a ex-secretária de economia criativa do Governo Federal, professora da Universidade Federal do Ceará, Cláudia Leitão, consultora do projeto, os principais problemas encontrados pelos empreendedores criativos brasileiros são:

1) Ausência de informações dados e análises produzidos e sistematizados.
2) Modelos de negócio precários e inadequados frente aos desafios dos empreendimentos criativos. Baixa disponibilidade ou inadequação de linhas de crédito para financiamento das atividades dos setores criativos.
3) Baixa oferta de formaçãoem todos os níveis (técnico, profissionalizante e superior) para os setores criativos.
4) Baixa institucionalidade da Economia Criativa nos Planos Municipais e Estaduais de Desenvolvimento, o que enfraquece a dinamização dos ciclos econômicos dos setores criativos.
5) Ausência, insuficiência e dasatualização de marcos legais e infra-legais para o desenvolvimento dos setores criativos.

Através desses problemas, desafios foram apresentados para que os empreendedores criativos pudessem enviar ideias que pudessem contribuir para a solução desses problemas. Logo, o Expurgação organizou e enviou um documento à Secretaria de Cultura do Estado do Espírito Santo (Secult) apresentando possíveis caminhos para a aplicação do Plano ES Criativo, no que tange a área de atuação do empreendimento.

Sendo assim, o Expurgação espera que os demais empreendimentos dos setores criativos tenham feito contribuições ao plano, e que acompanhem o desenrolar dessa promessa que pode transformar o Espírito Santo em uma referência em economia criativa para o Brasil. Confira abaixo o conteúdo do documento enviado pelo Expurgação de acordo com os desafios apresentados no plano:

Desafio 1: Levantar, sistematizar e monitorar as informações e dados sobre a Economia Criativa para a formulação de políticas públicas.

-Criar um sistema que compartilhe com os empreendedores criativos informações e dados específicos sobre os setores da Economia Criativa que são de interesse do governo. Geralmente esses dados estão diluídos dentro de uma visão industrial tradicional, e de zoneamento geográfico que não considera uma estrutura em rede distribuída. Para tanto devemos aproximar o Instituto Jones dos Santos Neves, que é um dos responsáveis pela organização dos dados oficiais do Governo do Estado, dos empreendedores criativos e seus respectivos sindicatos. A criação de uma equipe de profissionais responsável pela produção e apresentação de informações e dados sobre a Economia Criativa.

-Alinhar o planejamento governamental para a atuação conjunta das secretarias, das organizações apoiadoras (federações e sistemas) e empreendedores criativos. Esses encontros são de fundamental importância para o desenvolvimento de projetos inovadores que consideram uma conjuntura governamental. Assim, podemos aumentar capacidade de estimular oportunidades de geração de emprego e renda com inovação social e desenvolvimento dos territórios. Focar na atuação integrada da Secretaria de Turismo (turismo cultural), Secretaria de Cultura, Secretaria de Comunicação, Secretaria de Tecnologia, Inovação e Trabalho e da Secretaria de Educação (transversalidade) em relação à Economia Criativa.

-Compartilhar fontes de pesquisa utilizadas para compreender os setores da Economia Criativa. Resumidamente temos acesso à seguintes fontes:
1)Creative Economy Report 2010 (UNCTAD, 2010)
2)Plano da Secretaria da Economia Criativa (2011)
3)Creative Economy Report (United Nations – UNPD – UNESCO, 2013)
4)Centro de Documentação e Referência Itaú Cultural Catalogação na publicação (CIP)
5)Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan, 2014)
6)Mapeamento da Indústria Criativa no ES; FINDES – IDEIES – CNI (2015)

-Diversos projetos voltados para a economia criativa no Espírito Santo foram iniciados em 2009, porém muitos desses projetos não passaram da fase de planejamento e mapeamento, algumas vezes devido ao despreparo dos gestores culturais que em geral não tem conhecimento específico na área cultural/criativa, ou são substituídos por outros gestores sem experiência, de modo que isso causa retrocessos. Geralmente em retomadas de projeto o novo responsável/gestor inicia o planejamento novamente sem considerar o que já foi trabalhado. Os profissionais criativos ficam desacreditados ao ver a mesma situação acontecendo novamente. Muitas promessas, novas reuniões, novos prazos, novas metas, até que se passa algum tempo e o projeto simplesmente é abandonado ou cancelado. Assim, os empreendedores criativos perdem tempo participando de convocatórias que apenas servem para endossar listas de presença que justificam algum tipo de iniciativa por parte do poder público ou de órgãos de desenvolvimento (processo de desinstitucionalização). Outro fato preocupante é a promessa de participação do poder público em projetos, seja através de investimento de recurso ou de apoio. Fazem acreditar na aprovação de uma participação, e na grande maioria das vezes esperam o último momento para negar a participação, às vezes uma simples liberação de fechamento de rua, empréstimo de equipamento ou ponto de energia em local público.

-Atrair Incubadora Brasil Criativo, LabicBR, e Parques Tecnológicos para o estado.

-Criação de uma cinemateca da SECULT que poderia ser localizada no Arquivo Público e também ser disponibilizada online. A Secretaria produz anualmente diversos filmes através dos editais de cultura e além destes filmes poderia reunir e armazenar cópias dos filmes produzidos no estado, devidamente catalogados para pesquisa. Atualmente muitos filmes produzidos nunca são exibidos publicamente e são dificilmente encontrados.

-Atualmente existe uma comissão de Economia Criativa no FINDES, chamada CONECT. Importante verificar a atuação e objetivos desta comissão.

-Entender qual é a relação da Plano ES Criativo e o ES + Criativo que existiu a pouco tempo atrás. Existiu dentro deste plano que o Governo do Estado estaria propondo a criação da Incubadora Pública ES + Criativo, Rede de Cidades Criativas e o Portal ES + Criativo.

Desafio 2: Fomentar a sustentabilidade de empreendimentos criativos para fortalecer sua competitividade e a geração de emprego e renda.

-Acesso à linhas de crédito diferenciadas para a economia criativa em banco de desenvolvimento. Reinventar a atuação do Bandes em Economia Criativa que hoje fornece crédito a 13% a.a., com carência de 6 meses à 1 ano. Se possível reduzir o repasse de 8% de juros ao governo, reduzindo o risco de investimento do empreendedor criativo. Tentar atrair o Banco do Brasil, Banestes e Caixa para essa nova realidade.

-Criar linhas de microcrédito diferenciadas.

-Fortalecimento dos planos de negócio das empresas criativas. Sinergia entre SEBRAE, Bandes e Governo. Capacitação em produção executiva, planejamento estratégico e aprimoramentos da gestão.

-A economia criativa é transversal não só entre as indústrias criativas, mas também em relação à educação, turismo e meio ambiente. Logo, a SEDU e a Secretaria de Turismo poderiam se envolver em projetos ou criar abertura para o desenvolvimento de programas de ensino em escolas estaduais e turismo em territórios de interesse. Por exemplo, muitos alunos visitam o Palácio Anchieta, mas esses alunos não visitam os ateliês do APL Corredor Criativo Nestor Gomes que fica ao lado. Turistas precisam de sites e folheteria que apresente territórios de turismo cultural nos centros urbanos, e no interior territórios de turismo ecológico, etc. Outro exemplo é o suporte à projetos sem custo para as secretarias que dependem de apoio mínimo, a exemplo de transporte de oficineiros para atuarem em escolas localizadas em áreas de risco social ou zonas rurais.

-O caso SEBRAE: iniciou sua atuação em 2009 através de mapeamento e disponibilização de curso em gestão (Empretec). Retomou o projeto em 2014 após 1 ano de afastamento. Em 2014, uma nova tentativa foi feita com o título de Coletivos Criativos, mas não passou da fase de mapeamento e planejamento de portefólio, site e ações de acesso ao mercado (rodada de negócios), fato que provocou descrédito na instituição. Em 2015, o SEBRAE focou em três frentes de atuação formando comitês de gestão compartilhada: coletivos criativos, audiovisual e ateliês artísticos. A frente coletivo, chamada de Rede Criativa está abandonada devido à ingerência do plano de ação causado principalmente pelas exigências de formalização de coletivos informais que saíram do projeto e falta de interesse em atrair outros empreendimentos já formalizados. No entanto, alguns cursos de capacitação foram aplicados, e alguns como o curso de formação de plano de negócios e aprimoramento da gestão surtiram efeito positivo para alguns empreendimentos. A frente audiovisual executou com dificuldade apenas duas ações, a exemplo da participação do Rio Content Marketing e curso de planejamento estratégico. Agora a frente audiovisual encontra-se paralisada. A frente galerias de arte não foi diferente, com dificuldade realizou o I Circuito ArtES, que não recebeu nenhum tipo de apoio da Secretaria de Cultura ou da Secretaria de Turismo. Ou seja, faltam encontros que aproximem as Secretarias dos processos projetuais, e também a Universidade, e grandes empreendimentos.

-Trabalhar para o desenvolvimento de negócios através do Fundo Setorial do Audiovisual gerando certificados audiovisuais que incentivem empresas de lucro real a investirem em projetos do estado. Dessa forma, recursos que na maioria das vezas saem do ES e vão atender interesses de outros estados podem permanecer aqui como investimento, criando emprego e renda e desenvolvendo a indústria audiovisual do estado.

Desafio 3: Formar gestores e profissionais para os setores criativos com vistas a qualificar os empreendimentos, bens e serviços.

O caso Fábrica de Ideias: responsáveis pela gestão do espaço não dialogam com os projetos de economia criativa da mesma cidade. Isso gera um desconforto geral que transborda incertezas para empreendedores criativos e para a população sobre o aproveitamento do espaço. Não compartilha um planejamento integrado que estimule a participação das demais secretarias e órgãos gestores. A Fabrica foi aberta para o público mas não possui planejamento compartilhado, apenas uma falsa abertura para novos projetos, sem nem mesmo um canal oficial para isso. É necessário entendimento entre a Prefeitura de Vitória e o Governo do Estado para instalar um Parque Tecnológico no local. Existe um edital Federal para a criação de Parque Tecnológico que poderá ser viabilizado pela APL de Audiovisual que encontra-se em fase de formação. Lembrando que esse edital pode atrair 4 milhões para o ES, e foi tentado esse ano através do APL Corredor Criativo mas o curto prazo e a indecisão sobre o local disponível inviabilizaram o projeto. A ameaça ao local é a predisposição das secretarias para a instalação do corpo administrativo. Um contato feito com profissionais da Economia Criativa de Portugal, em Óbidos, mostrou que o local é perfeito para a instalação de um Parque Tecnológico. Precisamos encontrar o modelo de um conselho gestor para esse Parque, com participação do Governo, Universidades, APls e sociedade.

Desafio 4: Criar e adequar marcos legais para o fortalecimento dos setores criativos.
Compartilhar com os APLs a autonomia da gestão dos processos de requalificação dos territórios urbanos.

-Transparência e cooperação para execução do Plano Estadual de Cultura. O processo de aprovação, ajustes e também execução dos planos deve ser acompanhado e orientado pelo MINC e demais orgãos competentes, garantindo que as alterações sejam compartilhadas nos conselhos e reavaliadas, reeditadas coletivamente se necessário, até mesmo junto com os políticos que solicitarem as alterações, garantindo transparência durante todo processo.

-O Núcleo de Apoio aos APLs ligado à SEDES precisa mobilizar o fundo já existente para garantir que as empresas invistam cada vez mais em pesquisa, inovação e desenvolvimento. Falta diálogo entre Arranjos Produtivos Locais (tradicionais e da Economia Criativa) tanto na esfera estadual como na nacional. Estes contatos podem proporcionar novos desafios e formas de solucionar problemas em comum. Para isso existe a necessidade de se criar ambientes favoráveis a estes encontros.

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