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1ª Expedição Rebio 2Bocas

Tendo em vista a produção de um livro fotográfico mostrando a fauna e a flora da Reserva Biológica Duas Bocas (Rebio 2 Bocas), e de um vídeo documentário peneirando a situação sócio-ambiental da região, a equipe do Instituto Últimos Refúgios, formada pelo Coletivo Expurgação e parceiros, trabalha precisamente para ambos lançamentos acontecerem no aniversário de 100 anos da Reserva, 

que está marcado para o final de setembro. Logo, até o final de junho faremos 5 expedições à Rebio 2 Bocas que serão divulgadas nesse espaço por um fantasma chamado Gaxpharzinho, que pode estar em até 4 lugares ao mesmo tempo. Acreditem!

A expedição

Chegamos à Rebio 2 Bocas exatamente no dia 22 de março, Dia Mundial da Água… sendo assim, nos deparamos com um evento comemorativo que contou com a presença de diversas autoridades, estudantes locais e funcionários da Reserva. Em princípio, foi apresentado um breve histórico da Rebio 2 Bocas, que é reconhecidamente a primeira região do estado destinada ao abastecimento de água. Primeiro em 1894, data da primeira barragem, depois em 1918, ano da ampliação da obra que pode ser notada ainda hoje – ao final da trilha da represa velha. Portanto, a área em que a sede se encontra atualmente diz respeito a nova barragem construída durante o governo Getúlio Vargas, entre 1945 e 1950.

Dia da água (Ilka Westermeyer)

Após pronunciamentos, honras e visita ao museu da Reserva, esperamos o entardecer para iniciarmos nossas atividades. Sem firula, a equipe se dividiu para reconhecer o local de barco e à pé, aproveitando para registrar imagens da paisagem. À noite, a equipe retornou de barco à represa na tentativa de fotografar jacarés. Um foi avistado, mas logo desapareceu nas águas. Descobrimos apenas uma víbora trocando de pele numa árvore próxima da margem da represa. Já era tarde…

Víbora com o bote armado (Alexandre Barcelos)

Na sexta-feira (23/03) de manhã uma equipe saiu da Rebio em direção ao mirante de Jabatinga para captar imagens do vale com a longínqua vista de Vitória e Cariacica. Além da incrível a sensação de estar fora do pernicioso aglomerado urbano, presenciamos a vastidão das planícies e a textura da Serra do Mar. Enquanto isso, outra equipe percorreu pontos estratégicos da Rebio 2 Bocas distribuindo cevas de frutas para atrair pacas, capivaras, cutias e catitus.

Vista do mirante da Jabatinga (Yuri Salvador)

Já à tarde, saímos com os guardas florestais que nos levaram para uma região conhecida como Alegre. Lá, restos de aves abatidas foram colocadas para atraírem animais carnívoros, como por exemplo, o cachorro-do-mato, felinos e o urubu-rei. Uma tarefa árdua, um cheiro terrível!

No entanto, tucanos despreocupados fizeram desaparecer os transtornos do trabalho. Ao anoitecer, a volta para a sede foi marcada por sucessivos encontros com o bacurau, uma espécie de pássaro que permanece imóvel no meio da estrada até o último segundo da colisão com o carro – mas sempre se esquiva inexplicavelmente.

A luz do tucano (Leonardo Merçon)

Enquanto isso, outra equipe retornava do Morro do Laranja que fica na entrada da Reserva. No topo do morro dividido por um descampado e uma floresta, um novo mirante se revelou guardado por um casal de gavião-pombo, um nome popular dado a pelo menos 5 espécies de gavião, planando sobre nossas cabeças. Logo ouvimos um grupo de macacos-prego na floresta atras do descampado, que rapidamente dispersou sem nos dar chance de vê-los. O fato é que nós e os gaviões representamos um grande perigo para os macacos.

Topo do morro do laranja (Jorge Pena)

Depois do teste de desempenho físico na subida do morro, belíssimas imagens da paisagem e do vôo do gavião, retornamos por um longo pasto ocupado por zebus desconfiados. Saímos fora pela greta da cerca, nem a toca da coruja buraqueira pode ser apreciada no caminho de volta.

No início da noite a equipe da bióloga Cláudia Pimenta chegou à sede da Rebio 2 Bocas para nos ajudar a encontrar os animais silvestres, principalmente aves. Por isso, as atividades com a bióloga ficaram pra sábado. Assim, percorremos a sede à noite em busca de ângulos para a produção de vídeos através da técnica time-lapse. Em um dado momento um inquieto sarué despencou da árvore nos dando um grande susto. Por fim, aproveitamos o céu estrelado para capturar imagens notáveis…

Um outro céu para o açude de cima (Jorge Pena)

Na manhã de sábado (24/03), enquanto os saguis passeavam nos arredores da sede andando pela fiação e fazendo seu conhecido som agudo, uma equipe já se encaminhava de barco até a represa velha fazer imagens do local. Uma misteriosa composição que pudemos conferir de perto.

Antiga represa 1918 (Leonardo Merçon)

Enquanto isso, Cláudia procurava por aves com sua equipe, porém, encontrou uma preguiça cinza no início da trilha da antiga represa. Assim, ficamos monitorando a situação tentando captar uma boa imagem, mas estava difícil, havia muitos galhos e folhas cobrindo a preguiça.

Planejamos seguir à tarde na direção à represa velha, mas depois de alguns passos encontramos uma caninana praticamente na porta do alojamento, uma cobra de 1,50m, amarela e preta que consegue se erguer como as temidas najas orientais. Sendo assim, seguimos a caninana cautelosamente até a exaustão, garantindo boas imagens dela. Depois uma outra cobra, dessa vez escura e menor, apareceu para mais uma etapa de imagens. Era uma cobra-dágua.

Caninana é cobra brava (Ilka Westermeyer)

Um pouco antes de anoitecer, um grupo foi colocar ceva em dois pontos distintos para pacas e capivaras na trilha da represa velha. Após colocar as frutas no segundo local escolhido, a equipe retornou rapidamente e acabou sendo surpreendida por um animal na trilha que já se alimentava no primeiro ponto de ceva. Barulho, pegadas rápidas, silêncio, mais uma corrida. Que susto! A escuridão da floresta nos impediu de identificar o animal, provavelmente uma paca. Em seguida, instalamos o equipamento de monitoramento a distância para flagrar o animal, mas o faminto não retornou. Ficamos apenas com o canto da coruja burucutu…

Ilhados numa pedra da represa (Leonardo Merçon)

Domingo (25/03), o último dia da primeira expedição… voltamos a fazer tentativas de registro da preguiça cinza, mas continuava complicado. Surpreendentemente, um filhote foi avistado com a preguiça, uma raridade incrível. Chegou a hora de encerrar a expedição, a ceva da onça no alegre já tinha sido checada sem sinais dela. Assim, retornamos ao mundo concreto deixando a imaginação rica e algum cansaço pra trás…

Equipe de campo UR: Raphael Gaspar, Alexandre Barcelos, Felipe Matar, Yuri Salvador, Leonardo Merçon, Ilka Westermeyer, Carla Roberty, Jorge Pena, Rodrigo Lopes, Vitor Lorenção, Cláudia Pimenta.

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gaspar

3 Comments

  • Lorena Louzada on 4 maio 2012

    Muito Bom !! Orgulho de fazer parte dessa equipe =) Segura ai que tem mais 3 expedições pela frente.

  • Tiago Rossmann on 4 maio 2012

    Parabéns galera! Sempre é bom ver um sonho se tornar concreto! Keep Walking!

  • l.prata on 5 maio 2012

    Sei que ainda esta em andamento, mas por não poder participar diretamente, fico numa ansiedade curiosa para ver o resultado desse projeto.

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